segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Carne é Fraca

O mundo produz e consume cada vez mais carne. Isso é um problema sério que gera muitos outros problemas. A pecuária é a principal responsável pelo desmatamento do serrado, da caatinga e agora da Amazônia. A água é um bem precioso, porém estamos extinguindo e dificultando cada vez mais o uso de tal riqueza. Para produzir um quilo de carne de boi, é preciso quinze mil litros de água, enquanto isso para se produzir um quilo de cereal, normalmente usa-se mil litros e meio de água. Quando exportamos uma determinada quantia de carne, seja de qualquer tipo, estamos exportando a água também utilizada para a produção. Hoje em dia, certos países não podem produzir alimentos para sua população, ou para exportação, simplesmente porque não têm água suficiente. O efeito estufa todo mundo sabe que é um problema grave. Não devemos esquecer que o metano (gás do processo de digestão/arrotos e flatulências do boi) embora permaneça menos tempo na atmosfera, é vinte vezes mais nocivo que o Dióxido de Carbono. Muitos mercados deixaram de fazer carne. Estão deixando de ser economicamente viáveis, porque é mais barato fazer carne em mercados como o do Brasil, que têm custos ambientais que não são internalizados no custo da carne. O custo ambiental de desmatar a Amazônia não está suprindo o preço da carne. Se internalizasse esse custo, a carne brasileira seria uma porcaria. Sendo que ela é um ruim negócio para o Brasil. Não podemos discutir isso. Abalando ecossistemas para exportar. Quem gera postos de trabalho é a agricultura familiar, e não esse modelo do agronegócio. Quem responde por 70% do abastecimento interno alimentar do Brasil também é a agricultura familiar e não o agronegócio. O agronegócio é pra exportação. Nosso país deveria em primeiro lugar ser obrigado a alimentar sua população em condições favoráveis e saudáveis, e em segundo plano a exportação, sem impacto de saúde e ambiental. Outro porém: há muito tempo sendo fornecedor de produtos primários e com os preços controlados fora do Brasil, são ditados pelas grandes corporações internacionais. Os países devem saber que a carne que sai do Brasil vai com cheiro de floresta queimada, vai carimbada com a destruição da camada de ozônio, vai carimbada com toda a cadeia de sofrimento e problemas que ela significa. Relatórios dizem que se todas as pessoas do mundo consumissem como norte-americanos, europeus ou como japoneses, precisaríamos de mais dois ou três planetas de produção para elas. O problema não é só do nosso país, e sim de todos que produzem e consomem carne. A Amazônia está sendo comida. A doença é a pecuária, o doente é quem come a carne. Sem falar no direito da vida dos animais, que mostram a sensibilidade, inteligência, linguagem, capacidade social e tudo mais. É um exercício de poder. Nós admitimos que eles são simples máquinas, automatizadas, que não pensam e não têm raciocínio, que agem só por extinto, assim podemos usá-los ao nosso próprio prazer. Usamos o mesmo mecanismo de poder que se usava em relação aos escravos na época da escravatura, uma estratégia de exercício de poder. Abuso de poder com as vacas. Ela só produz leite porque gerou um filhotinho. Para consumimos o leite ela tem que ficar constantemente grávida e seus filhotes afastados para não mamarem. Pouca gente lembra que os animais que vivem nas águas também são seres vivos, que sentem dor e quando retirados das águas morrem por asfixia. Como o peixe não pode gemer, ou se lamentar de maneira audível, não lembramos que ele pode sofrer. O processo de abate é terrível. Antes de serem abatidos, ao caminharem e ouvirem seus amigos posteriores gritando, os bois entram em pavor. Eles ficam com taquicardia, aumento de pressão arterial, pupila dilatada entro outros sinais de extremo pânico. Muitas substâncias ficam na carne. Os animais têm medo, sofrem, têm alma. Se você colocar uma criança numa sala fechada com um coelho e uma maçã, será que ela comeria o coelho e brincaria com a maçã!? O homem não é carnívoro. Comida é vida, a carne é mortuária.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Seu Sim

Pressão sobre o peso prevê substância
Sustento do cesto colado sozinho
Infiltro colosso impávido pensar
Taverna caminha em robusto dialeto

Vitória suspende a saída do assombro
Caixão e vela preta possam tablóides
Presença agradável impera humor
Todavia trazendo o trafico pro cá

Ela passou desdentada sem vínculo
Sorriso inerte sem sombra de dívidas
Tudo podendo naquele fracasso
Provém incapaz da roda gigante

Tempo sadio no pulso cortante
Aviso expresso no labirinto berrante:
“Sequer no advento de a fêmea bovina expirar
por fortes contrações pneumolaringobucais”

Um clone do cone placando o caminho
Pastores pastando no pasto de espinhos
Disfarce estratégico clareia parâmetro
Fortalece e sustenta a cultura

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Abre-te, Ruínas!

Logo quando o sol nasceu Carvalho acordou. Tomou seu café. Deu um beijo na esposa e na filha e saiu pro trabalho. Cara de sono e mente vazia, irritação em saber que mais um dia começara na semana. Ele sempre pega o mesmo ônibus lotado. Muita gente disposta, outras não. Uma imensa mistura de perfumes e odores no coletivo. Carvalho analisa o vai e vem das casas no caminho. Ruas, pessoas, lojas fechadas. A feira é a pior parte. Mau cheiro! Animais vivos misturam-se com os mortos. Bêbados da noite, enojando as pessoas despertadas e ativas. Almeja em descer do ônibus e sentir o ar matinal. Caminhar e esticar as pernas. Quase fecha os olhos por um instante. Gente falando, gargalhando, muitos abrindo a boca em demonstração de sono e cansaço do dia anterior, um domingo. Alguém com cheiro de cigarro barato. Carvalho não gosta daquilo. “Eu devia comprar um carro, até mesmo uma moto que é mais econômico” fala em voz baixa. Só pensa na chegada, onde tudo aquilo passa temporariamente. Pensa na vida, na sua filha. Bons pensamentos fluem, e, esquece por minutos todo aquele embaraço mútuo. Todo mundo é igual no ônibus, mais ainda se lotado. Aperto e às vezes constrangimento. Uma mulher grávida cedeu lugar a outra com criança de colo. Idosos não têm vez. Certos valores desaparecem. Ética, respeito, educação por exemplo. Amoralidade! Finalmente o ônibus chega onde Carvalho vai descer. Ele desce, vai a uma barraca e pede uma água de coco.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Controle de Natalidade

O absorvente estava velho com uma cor identificável e a menina não tomava banho direito porque no seu barraco havia racionamento d’água já que seu pai era sapateiro e sua mãe catadora de lixo e papelão tendo assim o sustento da família e o poder de compra do absorvente pois a menina não sabia ler nem escrever e sofria de deficiência respiratória aguda incapacitando-a de atividades que exigisse qualquer tipo de esforço.

Era considerado o maior marginal do bairro sendo citado toda semana nas reuniões e servindo de mau exemplo às crianças que sequer saiam de casa para brincar com os amiguinhos que ali viviam e não sabiam que o perigo rondava vinte e quatro horas tornando o bairro referência de má administração e considerado escória por alguns.

Na hora do eclipse ele estava no ônibus pensando na situação e desprovido das circunstâncias achando que por ser um boi amável coragem caiu das nuvens por clemência à náusea e sempre sente conta risco quando é inevitável.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Diálogo Com Meu Espelho

Eu me vi com olheiras. Meu rosto estava quase desfigurado e eu sabia o porquê.
Meus pensamentos não tinham perspectiva de alegria. Nem ilusão eu sentia. Já podia ver meus cabelos brancos! Mas gosto desse momento. Momento o qual penso só pra mim, sem me importar com toda sobra de conclusões incompletas.

Às vezes me pergunto se é com dois esses que se escreve paçarinho. Eu tenho dúvida de iniciante. Muitas por sinal, como sempre! Mais uma vez viajava pra dentro de mim. Além disso, ontem percebi que venho me apegando às coisas materiais. Percebi muito tarde porque já sou adulto. Gosto de gelatina e não faço exercício físico.

Um pretexto pra minha própria destruição é me ver assim, nessa imagem explosiva. Tiraram meu prazer e disseram que eu merecia ficar assim pra sempre, só eu. Tenho cara de idiota, mas nunca fui um. Se o assunto fosse política tudo bem, eu mudava de assunto. Meu sonho é ser uma pessoa assim. Um cara que trabalha pelos pobres e pelos ricos. Um cara social e mentiroso, com os olhos inócuos.

Me disseram que um dia todo mundo vai morrer mesmo. Poderia criar uma estória. Sou bonito por fora. Você não acha?